É notável que eu estava perdidamente confusa. Não sabia onde
o túnel me levaria, e agora teria que escolher entre três.
Eu havia virado para direita, esquerda, direita, direita e
mais esquerda por todo o túnel. Era óbvio que eu não sabia onde me encontrava.
Tudo bem, eu seguiria para frente. As pessoas dizem que sempre devemos ir em
frente. Que todos aqueles conselhos ajudassem agora.
Caminhei túnel adentro na esperança que fosse ficar menos
escuro, mas continuava aquele breu assustador. E não se via sinal de vida. Nada
se movia ou fazia barulho. Nem mesmo morcegos eu encontrei: um silêncio mortal.
Cheguei a uma parte do túnel onde era mais largo (e não
menos escuro), por todo o trajeto o chão era liso e as paredes úmidas. Caminhei
pelo que pareceu ser horas, ou até mesmo segundos. Direita, esquerda. Esquerda,
direita. Procurei dentro de minha bolsa algo que fosse útil para se acampar em
túnel: encontrei um saco de dormir.
De uma coisa eu estava certa: não caminharia mais com todo
aquele cansaço, sede, fome, sono e tédio. Ajeitei o saco de dormir no chão e me
deitei. Dormi de imediato. E logo depois já estava sonhando.
Alice estava em um túnel parecido com que eu estava, o que
era irônico já que tudo era igual ali. Um lampião flamejava ao seu lado, ela
mantinha uma postura formal e “insuportável”. Eu estava em minha forma real,
como se estivesse realmente ali. Mas tudo me dizia que era um sonho: as paredes
tremulavam como vídeo mal feito; a própria Alice parecia irreal.
— O que esta fazendo no meu sonho? — perguntei, olhando ao
redor.
— Precisamos conversar, garota. — Alice estava como eu a
havia encontrado antes: cabelos loiros e cacheados até a cintura; a expressão
de quem tem o mundo aos seus pés e tirando o fato da roupa normal — calça jeans
e camiseta — estava a mesma. Fiz um agradecimento silencioso por ela não estar
com o vestido rosa “cheguei!”.
— Ah, sim. Claro! Mas você não devia estar no Departamento?
Ela deu de ombros, como se aquilo fosse um assunto do
passado.
— Você tinha razão: não adianta continuar com meu trabalho
se está tudo um caos. Acredite no que estou lhe dizendo, a Terra, o céu e não
duvido que até o inferno esta um caos. E a única saída é honrar minha raça e o
que faço de melhor: proteger. — Era difícil imaginar Alice como uma protetora,
principalmente quando ela estava mexendo nas cutículas da unha enquanto dizia
tudo aquilo. — E cheguei à conclusão de que devo te proteger. Não sei lutar.
Confesso que, por todas as eras que existo, nunca passou por minha cabeça
aprender a lutar. E não sou como um simples anjo da guarda. Não tenho os mesmo
poderes, e o que tenho não foram feitos para atacar ou usar ao meu favor. Foram
feitos para proteger, independente de quem ou do quê. Por isso estou aqui,
quero guiá-la.
Engulo em seco. Não esperava por essa confissão, e nem por
ela ali, disposta a ajudar.
— Guiar-me? Não estou perdida — menti.
— Esta sim. E se me disser que caminho escolheu quando
chegou à encruzilhada, eu ficaria feliz.
— Vai me ajudar? — Mesmo no sonho, minha voz saiu rouca e
baixa. — Disse que não ia me ajudar.
— Vou. É o mínimo que posso fazer por Eduardo.
Estava tudo explicado, ninguém vem me ajudar pra me ajudar. Era por Eduardo.
— Escolhi o caminho para
frente. Tem direita e esquerda, fui para o que vai à frente...E Aline, por
que esta demorando tanto para chegarmos ao castelo? Você disse que me mandaria
para perto.
Ela deu um sorriso angustiante de uma perfeita “filhinha de
papai”.
— Eu disse que lhe mandaria para perto? Acho que exagerei no
perto...bem, de toda a forma, já
estamos no perímetro do castelo, talvez você esteja embaixo dele. Reparou que o
túnel vai subindo?
— Não — confessei.
— Pois vai. E é por isso que não morreu sem oxigênio...Ops!
Tenho o azar que você não pode morrer.
Tentei retrucar, mas o cenário logo mudou e eu já estava em
outro lugar: um quarto pequeno, sem portas e sem janelas. A luz fraca que vinha
do teto refletiu dois rostos pálidos e cansados. Kristen e Eduardo. Quando vi
os dois, meus batimentos dispararam. Pensei que meu coração sairia pela boca ou
explodiria dentro do peito. Os dois estavam de mantos brancos e descalços.
Kristen parecia ainda mais cansada do que você pode imaginar, mesmo sorrindo
parecia triste. E seus cabelos coloridos já não tinham o mesmo brilho de antes,
pela primeira vez, pensei que Kris se desmancharia ali na minha frente...de
tanta tristeza.
Já Eduardo...não vou emitir o fato que parei de respirar
quando o vi ali, a cabeça levemente caída sobre o ombro; uma das sobrancelhas
levantadas; um sorriso se formando no canto de sua boca. Ele se endireitou e
passou a mão nos cabelos — deixando-os ainda mais bagunçados. Eu poderia ficar
ali, pro resto da eternidade o olhando, porque eu sabia: ele era meu. Eu o
amava e o tinha, estava escrito em seu sorriso perturbador. “Adoro você” quis
dizer, mas as palavras não saíram. O silêncio era reconfortante entre nós,
mesmo não o tendo nos braços e mal podendo me mover. Estava paralisada por seu
modo carismático de sorrir.
Não sabia o que dizer e pra minha sorte, Kristen estava ali
para quebrar o gelo.
— Temos que ser rápidos, Cathy. Não podemos manter o contato
por muito tempo — explicou, comecei a prestar mais atenção em sua presença. —
Antes de tudo, devo perdão por tudo. Pela perda de memória, à volta ao passado
e nosso...desaparecimento. Naquele dia fomos pegos desprevenidos. Os arcanjos
estão reunindo magia há muito tempo não usado. Estão malucos pelo trono.
Capazes de qualquer coisa. Nunca imaginamos que fossem recorrer à magia tão
antiga...ora, desfazer a proteção de um anjo da guarda — servo de Miguel — não
é nada comum...
— E foi nossa única alternativa — Eduardo suplicou, pela
primeira vez. — Não tínhamos nem um minuto para pensar e...Nos perdoe!
Perdoe-me. Não devia ter dito a você que não a queria naquela missão. Cathy, eu
só estava querendo te proteger. Eu me via como um monstro e você a mocinha
desprotegida. Você é mais forte do que eu imaginava....Perdoe-me, só queria te
proteger.
Lembrei minha opinião sobre Edward Cullen: um cara que só
queria proteger. E me vendo ali, como Bella Swan...uma náusea perpassou minhas
estranhas. Agora eu entendia porque Bella amava a tal modo Edward: toda mulher
deseja ser protegida, mesmo nas horas erradas. Eduardo McLean tentou correr
para mim, mas uma barreira invisível o mandou de volta, ele bufou e sua imagem
tremeluziu e quase desapareceu.
Pensei em Alice e no tempo em que ela gostava de Eduardo. Na
minha promessa de ser como um robô: não sentir nada. Respirei fundo, já havia
caído no “jogo dos homens” uma vez, Sam, um traidor debilóide.
— Acho que deveria estar gastando seu tempo me dizendo como
chegar até aqui. — Mal reconheci minha voz, tão fria e cruel estava. — Kristen,
Alice esta vindo me ajudar. Vamos encontrar uma maneira de tirá-los daqui. E minha espada?
Sabia que ficaria arrependida assim que acordasse, mas no
momento não estava sendo muito lógica.
— Muito bem guardada comigo, Cathy. Se é que ainda confia em
nós.
Um sorriso amargo escapou de meus lábios e o sonho acabou.
Acordei de um salto com a voz de Alice, ela me cutucava com
o pé e dizia algo como “não temos o dia inteiro”.
— Hum? — falei sonolenta. — Que horas são? Quando chegou
aqui?...Eu não ronquei, ronquei?
Você deve estar pensando “Com tanta coisa pra perguntar,
você pergunta isso Cathy?”. Mas ei, vai ser acordada pela senhora da beleza,
você se sente um lixo em decadência.
— Você fala enquanto dorme — um riso educado perpassou seu
rosto. Levantei sem jeito e já arrumando meus cabelos. — E cheguei a umas
quatro horas, tava muito cansada e acampei aqui — ela apontou para um saco de
dormir ao lado —, acabei de acordar.
É claro, ela já acorda bonita. Muito simpático. Desculpa ai
se já acordo e durmo feia (E estamos tratando aqui de uma feiúra profissional).
— Precisamos seguir adiante — digo, depois de um silencio
desconfortável. — Acho que estamos no caminho certo. Temos que estar.
Não contei nada sobre meu sonho com Eduardo e Kristen. O
arrependimento estava começando a me dominar. Queria poder ficar ali, largada
no chão a luz do lampião, chorando por meus erros.
Tentar enterrar o coração, os sentimentos e os sentidos
emocionais não é tão fácil quanto você possa imaginar. Você quer chutar tudo,
desde algo sólido a duro. E o pior não era isso, era ter que sorrir como se
tudo estivesse bem. Mas nada nunca esta bem.
Vou lhe dar um conselho: não se apaixone. Pois a felicidade
pode ser incondicional no começo, mas meu bem, você vai sofrer uma hora. Até as
princesas e príncipes de contos de fadas sofrem, por que você não sofreria? Eu
não sofreria?
Cheguei à conclusão que deveria fazer faculdade de
psicologia. Daria uma boa conselheira. Não? Vou contar-te um segredo: concordo
plenamente com você.
Enquanto Alice e eu caminhávamos, resolvi tirar uma duvida
incomoda.
— Aquela hora em que você me mandou para um bosque...Eu
viajei nas sombras?
— Sim. Por que?
— Porque eu não podia viajar assim sem que centenas de anjos
fossem a minha procura.
— Que estranho — comentou, pensativa. — Diga-me uma
coisa...Desde a hora em que saiu do hospital até aqui... esta achando tudo muito
fácil?
Pensei na facilidade em que sai do hospital; até as roupas
que eu gostava do quarto hospitalar; em ninguém me rastrear por eu viajar nas
sombras...
— Definitivamente suspeito. E quando sai do hospital — muito
fácil aliás — senti que me...observavam.
— Também senti uma presença diferente.
— Também? Você estava lá?
— Lembre-se que só você foi para o passado. Daniel, Kristen
e Eduardo...eles, bem, continuaram como estavam.
Resolvi contar a Alice sobre meu sonho com Zacarias e todos
os anjos no saguão do castelo. Ela pareceu surpresa quando cheguei na parte em
que disseram que eu estava protegida por Dan e Kristen, mesmo com tudo que
havia acontecido a eles. Principalmente Dan.
— Eles estavam mentindo! — exclamou. — Não há como um
espírito voltar ao passado e... — vi um sorriso maligno se formando no rosto de
Alice. — Tolos. Tolos arcanjos! Às vezes
me esqueço que eles não têm informações sobre a guarda dos humanos. É claro,
pensaram que tudo havia voltado contigo, pelo menos as pessoas envolvidas na
sua vida. O que na verdade não é um pensamento tão ilógico quanto possa
imaginar. Acontece que, as coisas continuaram a funcionar aqui no céu, os dias —
a seu modo — estavam normais. Assim como Daniel não podia voltar...voltar à
vida.
Alice hesitou. Tomei mais um pouco de milk-shake (saído da bolsinha de batom!), a lógica dos
acontecimentos estavam só começando a ficar interessante.
— Os anjos acham que estou perdida, por causa dos dias que
passei para viajar nas sombras...sozinha.
— Exato. O que me deixa com uma pergunta na cabeça: se
estiverem mesmo pensando isso, por que não te rastrearam? Não entendo.
Faço um barulho irritante que é tomar as ultimas gotas em um
copo, com canudinho. Alice revira os olhos pra minha infantilidade.
— Mas Alice, o que não entendo é como sabe de tudo que
fiz...cada movimento meu. — Não há deixo responder; interrompo-a, era a minha
vez de raciocinar. — Se sabe de tudo, diga-me: que ave foi aquela no meu
suposto acidente?
— Eu...eu...é que... — adoro deixar as pessoas gaguejando —,
aquilo não foi uma ave. Era um anjo em forma natural; não se engane, cada um
tem uma forma diferente, mas todos nós temos asas.
— Hum. E como sabe de tudo isso, do acidente e tudo o mais?
— Escolhi ser seu anjo da guarda, Cathy. E quando se faz esse
juramento, é normal o anjo da guarda saber de tudo que ocorre na vida do
protegido. — Ela suspirou. — Kristen foi
encarregada de ser seu anjo da guarda. Já eu fiz um juramento, assim, sei tudo
que te intimida, te amedronta...das pessoas que você ama. Odeia. Seus segredos
mais obscuros e os pensamentos mais irreais. Conheço-te mais do que você mesma.
Sinto muito, sei que não esta gostando de nada disso. Posso ler seus
sentimentos agora mesmo.
Entalo com o ar que estava vindo no canudinho de milk-shake.
— Você o que? — Grito, mesmo tendo entendido perfeitamente.
Cathy Lohan e os Espíritos da Morte
Por: Carol C.
Ai ai ai, menina você me deixou mais ansiosa ainda! EU QUERO O REENCONTRO(?) DO EDU E DA CATHY :( :( Não vejo a hora para ler o próximo capítulo
ResponderExcluiroiii carol to amando essa história.. todo dia eu visito o blog pra ver se vc postou novos capitulos(pena q as vezes demora mt p vc posta,mas td bem),, vc poderia por favor me passar o seu twitter,facebook, sei la as redes sociais q vc tiver... fico grata desde já.. muitos beijos
ResponderExcluirBy:Bia Cardoso
Ownt; muito obrigada...aqui:
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Hey, Carol. Tudo certinho contigo? Super ansiosa pelo próximo capítulo, venho acompanhando o tumblr teu e da /Bella há meses. O trabalho de vocês com os livros é realmente indescritível. Aguardo ansiosamente o próximo capítulo, e espero dele, muito suspense e romance, que certamente é o que está me prendendo dentre esse livro.
ResponderExcluir/VeeSk*
– Catherine Lohan e os Espiritos da Morte
ResponderExcluir– Crítica : Os capítulos que você descreve são ótimos, tens uma imaginação fértil, porém têm partes que não foram descritas corretamente, falta-lhe acrescentação de detalhes; Fiquei intrigada o modo de comos os lugares não são totalmente descritos, e como há falta de seguintes reações das pessoas após algo determinante ser pronunciado. Também gostaria de citar o modo plausível de como Catherine Lohan discute internamente, ela esqueçe do mundo ao seu redor, dentre um determinado tempo, para prestar atenção a si. Isso é satisfatório. Creio que se lestes o que for postar e renunciar aos erros gramaticais, terás outra ação para se orgulhar. Tendo um consentimento de leitura e uma mente fértil para criação do mesmo. Bom, já tens mais uma fã ;)
*ViCarl*
:/ sabe que às vezes eu releio e penso a mesma coisa? Não sei, não consigo mudar meu jeito de escrever...e é bom contar o fato de que é uma web-história e não um livro, se eu entrar em muitos detalhes vai ficar muito extenso...não sei explicar direito.
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