domingo, 1 de julho de 2012

15- Deixam-me a par das noticias


É notável que eu estava perdidamente confusa. Não sabia onde o túnel me levaria, e agora teria que escolher entre três.
Eu havia virado para direita, esquerda, direita, direita e mais esquerda por todo o túnel. Era óbvio que eu não sabia onde me encontrava. Tudo bem, eu seguiria para frente. As pessoas dizem que sempre devemos ir em frente. Que todos aqueles conselhos ajudassem agora.
Caminhei túnel adentro na esperança que fosse ficar menos escuro, mas continuava aquele breu assustador. E não se via sinal de vida. Nada se movia ou fazia barulho. Nem mesmo morcegos eu encontrei: um silêncio mortal.
Cheguei a uma parte do túnel onde era mais largo (e não menos escuro), por todo o trajeto o chão era liso e as paredes úmidas. Caminhei pelo que pareceu ser horas, ou até mesmo segundos. Direita, esquerda. Esquerda, direita. Procurei dentro de minha bolsa algo que fosse útil para se acampar em túnel: encontrei um saco de dormir.
De uma coisa eu estava certa: não caminharia mais com todo aquele cansaço, sede, fome, sono e tédio. Ajeitei o saco de dormir no chão e me deitei. Dormi de imediato. E logo depois já estava sonhando.
Alice estava em um túnel parecido com que eu estava, o que era irônico já que tudo era igual ali. Um lampião flamejava ao seu lado, ela mantinha uma postura formal e “insuportável”. Eu estava em minha forma real, como se estivesse realmente ali. Mas tudo me dizia que era um sonho: as paredes tremulavam como vídeo mal feito; a própria Alice parecia irreal.
— O que esta fazendo no meu sonho? — perguntei, olhando ao redor.
— Precisamos conversar, garota. — Alice estava como eu a havia encontrado antes: cabelos loiros e cacheados até a cintura; a expressão de quem tem o mundo aos seus pés e tirando o fato da roupa normal — calça jeans e camiseta — estava a mesma. Fiz um agradecimento silencioso por ela não estar com o vestido rosa “cheguei!”.
— Ah, sim. Claro! Mas você não devia estar no Departamento?
Ela deu de ombros, como se aquilo fosse um assunto do passado.
— Você tinha razão: não adianta continuar com meu trabalho se está tudo um caos. Acredite no que estou lhe dizendo, a Terra, o céu e não duvido que até o inferno esta um caos. E a única saída é honrar minha raça e o que faço de melhor: proteger. — Era difícil imaginar Alice como uma protetora, principalmente quando ela estava mexendo nas cutículas da unha enquanto dizia tudo aquilo. — E cheguei à conclusão de que devo te proteger. Não sei lutar. Confesso que, por todas as eras que existo, nunca passou por minha cabeça aprender a lutar. E não sou como um simples anjo da guarda. Não tenho os mesmo poderes, e o que tenho não foram feitos para atacar ou usar ao meu favor. Foram feitos para proteger, independente de quem ou do quê. Por isso estou aqui, quero guiá-la.
Engulo em seco. Não esperava por essa confissão, e nem por ela ali, disposta a ajudar.
— Guiar-me? Não estou perdida — menti.
— Esta sim. E se me disser que caminho escolheu quando chegou à encruzilhada, eu ficaria feliz.
— Vai me ajudar? — Mesmo no sonho, minha voz saiu rouca e baixa. — Disse que não ia me ajudar.
— Vou. É o mínimo que posso fazer por Eduardo.
Estava tudo explicado, ninguém vem me ajudar pra me ajudar. Era por Eduardo.
— Escolhi o caminho para frente. Tem direita e esquerda, fui para o que vai à frente...E Aline, por que esta demorando tanto para chegarmos ao castelo? Você disse que me mandaria para perto.
Ela deu um sorriso angustiante de uma perfeita “filhinha de papai”.
— Eu disse que lhe mandaria para perto? Acho que exagerei no perto...bem, de toda a forma, já estamos no perímetro do castelo, talvez você esteja embaixo dele. Reparou que o túnel vai subindo?
— Não — confessei.
— Pois vai. E é por isso que não morreu sem oxigênio...Ops! Tenho o azar que você não pode morrer.
Tentei retrucar, mas o cenário logo mudou e eu já estava em outro lugar: um quarto pequeno, sem portas e sem janelas. A luz fraca que vinha do teto refletiu dois rostos pálidos e cansados. Kristen e Eduardo. Quando vi os dois, meus batimentos dispararam. Pensei que meu coração sairia pela boca ou explodiria dentro do peito. Os dois estavam de mantos brancos e descalços. Kristen parecia ainda mais cansada do que você pode imaginar, mesmo sorrindo parecia triste. E seus cabelos coloridos já não tinham o mesmo brilho de antes, pela primeira vez, pensei que Kris se desmancharia ali na minha frente...de tanta tristeza.
Já Eduardo...não vou emitir o fato que parei de respirar quando o vi ali, a cabeça levemente caída sobre o ombro; uma das sobrancelhas levantadas; um sorriso se formando no canto de sua boca. Ele se endireitou e passou a mão nos cabelos — deixando-os ainda mais bagunçados. Eu poderia ficar ali, pro resto da eternidade o olhando, porque eu sabia: ele era meu. Eu o amava e o tinha, estava escrito em seu sorriso perturbador. “Adoro você” quis dizer, mas as palavras não saíram. O silêncio era reconfortante entre nós, mesmo não o tendo nos braços e mal podendo me mover. Estava paralisada por seu modo carismático de sorrir.
Não sabia o que dizer e pra minha sorte, Kristen estava ali para quebrar o gelo.
— Temos que ser rápidos, Cathy. Não podemos manter o contato por muito tempo — explicou, comecei a prestar mais atenção em sua presença. — Antes de tudo, devo perdão por tudo. Pela perda de memória, à volta ao passado e nosso...desaparecimento. Naquele dia fomos pegos desprevenidos. Os arcanjos estão reunindo magia há muito tempo não usado. Estão malucos pelo trono. Capazes de qualquer coisa. Nunca imaginamos que fossem recorrer à magia tão antiga...ora, desfazer a proteção de um anjo da guarda — servo de Miguel — não é nada comum...
— E foi nossa única alternativa — Eduardo suplicou, pela primeira vez. — Não tínhamos nem um minuto para pensar e...Nos perdoe! Perdoe-me. Não devia ter dito a você que não a queria naquela missão. Cathy, eu só estava querendo te proteger. Eu me via como um monstro e você a mocinha desprotegida. Você é mais forte do que eu imaginava....Perdoe-me, só queria te proteger.
Lembrei minha opinião sobre Edward Cullen: um cara que só queria proteger. E me vendo ali, como Bella Swan...uma náusea perpassou minhas estranhas. Agora eu entendia porque Bella amava a tal modo Edward: toda mulher deseja ser protegida, mesmo nas horas erradas. Eduardo McLean tentou correr para mim, mas uma barreira invisível o mandou de volta, ele bufou e sua imagem tremeluziu e quase desapareceu.
Pensei em Alice e no tempo em que ela gostava de Eduardo. Na minha promessa de ser como um robô: não sentir nada. Respirei fundo, já havia caído no “jogo dos homens” uma vez, Sam, um traidor debilóide.
— Acho que deveria estar gastando seu tempo me dizendo como chegar até aqui. — Mal reconheci minha voz, tão fria e cruel estava. — Kristen, Alice esta vindo me ajudar. Vamos encontrar uma maneira de tirá-los daqui. E minha espada?
Sabia que ficaria arrependida assim que acordasse, mas no momento não estava sendo muito lógica.
— Muito bem guardada comigo, Cathy. Se é que ainda confia em nós.
Um sorriso amargo escapou de meus lábios e o sonho acabou.


Acordei de um salto com a voz de Alice, ela me cutucava com o pé e dizia algo como “não temos o dia inteiro”.
— Hum? — falei sonolenta. — Que horas são? Quando chegou aqui?...Eu não ronquei, ronquei?
Você deve estar pensando “Com tanta coisa pra perguntar, você pergunta isso Cathy?”. Mas ei, vai ser acordada pela senhora da beleza, você se sente um lixo em decadência.
— Você fala enquanto dorme — um riso educado perpassou seu rosto. Levantei sem jeito e já arrumando meus cabelos. — E cheguei a umas quatro horas, tava muito cansada e acampei aqui — ela apontou para um saco de dormir ao lado —, acabei de acordar.
É claro, ela já acorda bonita. Muito simpático. Desculpa ai se já acordo e durmo feia (E estamos tratando aqui de uma feiúra profissional).
— Precisamos seguir adiante — digo, depois de um silencio desconfortável. — Acho que estamos no caminho certo. Temos que estar.
Não contei nada sobre meu sonho com Eduardo e Kristen. O arrependimento estava começando a me dominar. Queria poder ficar ali, largada no chão a luz do lampião, chorando por meus erros.
Tentar enterrar o coração, os sentimentos e os sentidos emocionais não é tão fácil quanto você possa imaginar. Você quer chutar tudo, desde algo sólido a duro. E o pior não era isso, era ter que sorrir como se tudo estivesse bem. Mas nada nunca esta bem.
Vou lhe dar um conselho: não se apaixone. Pois a felicidade pode ser incondicional no começo, mas meu bem, você vai sofrer uma hora. Até as princesas e príncipes de contos de fadas sofrem, por que você não sofreria? Eu não sofreria?
Cheguei à conclusão que deveria fazer faculdade de psicologia. Daria uma boa conselheira. Não? Vou contar-te um segredo: concordo plenamente com você.
Enquanto Alice e eu caminhávamos, resolvi tirar uma duvida incomoda.
— Aquela hora em que você me mandou para um bosque...Eu viajei nas sombras?
— Sim. Por que?
— Porque eu não podia viajar assim sem que centenas de anjos fossem a minha procura.
— Que estranho — comentou, pensativa. — Diga-me uma coisa...Desde a hora em que saiu do hospital até aqui... esta achando tudo muito fácil?
Pensei na facilidade em que sai do hospital; até as roupas que eu gostava do quarto hospitalar; em ninguém me rastrear por eu viajar nas sombras...
— Definitivamente suspeito. E quando sai do hospital — muito fácil aliás — senti que me...observavam.
— Também senti uma presença diferente.
— Também? Você estava lá?
— Lembre-se que só você foi para o passado. Daniel, Kristen e Eduardo...eles, bem, continuaram como estavam.
Resolvi contar a Alice sobre meu sonho com Zacarias e todos os anjos no saguão do castelo. Ela pareceu surpresa quando cheguei na parte em que disseram que eu estava protegida por Dan e Kristen, mesmo com tudo que havia acontecido a eles. Principalmente Dan.
— Eles estavam mentindo! — exclamou. — Não há como um espírito voltar ao passado e... — vi um sorriso maligno se formando no rosto de Alice.  — Tolos. Tolos arcanjos! Às vezes me esqueço que eles não têm informações sobre a guarda dos humanos. É claro, pensaram que tudo havia voltado contigo, pelo menos as pessoas envolvidas na sua vida. O que na verdade não é um pensamento tão ilógico quanto possa imaginar. Acontece que, as coisas continuaram a funcionar aqui no céu, os dias — a seu modo — estavam normais. Assim como Daniel não podia voltar...voltar à vida.
Alice hesitou. Tomei mais um pouco de milk-shake (saído da bolsinha de batom!), a lógica dos acontecimentos estavam só começando a ficar interessante.
— Os anjos acham que estou perdida, por causa dos dias que passei para viajar nas sombras...sozinha.
— Exato. O que me deixa com uma pergunta na cabeça: se estiverem mesmo pensando isso, por que não te rastrearam? Não entendo.
Faço um barulho irritante que é tomar as ultimas gotas em um copo, com canudinho. Alice revira os olhos pra minha infantilidade.
— Mas Alice, o que não entendo é como sabe de tudo que fiz...cada movimento meu. — Não há deixo responder; interrompo-a, era a minha vez de raciocinar. — Se sabe de tudo, diga-me: que ave foi aquela no meu suposto acidente?
— Eu...eu...é que... — adoro deixar as pessoas gaguejando —, aquilo não foi uma ave. Era um anjo em forma natural; não se engane, cada um tem uma forma diferente, mas todos nós temos asas.
— Hum. E como sabe de tudo isso, do acidente e tudo o mais?
— Escolhi ser seu anjo da guarda, Cathy. E quando se faz esse juramento, é normal o anjo da guarda saber de tudo que ocorre na vida do protegido. — Ela suspirou. —  Kristen foi encarregada de ser seu anjo da guarda. Já eu fiz um juramento, assim, sei tudo que te intimida, te amedronta...das pessoas que você ama. Odeia. Seus segredos mais obscuros e os pensamentos mais irreais. Conheço-te mais do que você mesma. Sinto muito, sei que não esta gostando de nada disso. Posso ler seus sentimentos agora mesmo.
Entalo com o ar que estava vindo no canudinho de milk-shake.
— Você o que? — Grito, mesmo tendo entendido perfeitamente.


 Cathy Lohan e os Espíritos da Morte
Por: Carol C.

6 comentários:

  1. Ai ai ai, menina você me deixou mais ansiosa ainda! EU QUERO O REENCONTRO(?) DO EDU E DA CATHY :( :( Não vejo a hora para ler o próximo capítulo

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  2. oiii carol to amando essa história.. todo dia eu visito o blog pra ver se vc postou novos capitulos(pena q as vezes demora mt p vc posta,mas td bem),, vc poderia por favor me passar o seu twitter,facebook, sei la as redes sociais q vc tiver... fico grata desde já.. muitos beijos
    By:Bia Cardoso

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    1. Ownt; muito obrigada...aqui:
      Twitter: https://twitter.com/#!/TwilightPJO_HP
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  3. Hey, Carol. Tudo certinho contigo? Super ansiosa pelo próximo capítulo, venho acompanhando o tumblr teu e da /Bella há meses. O trabalho de vocês com os livros é realmente indescritível. Aguardo ansiosamente o próximo capítulo, e espero dele, muito suspense e romance, que certamente é o que está me prendendo dentre esse livro.
    /VeeSk*

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  4. – Catherine Lohan e os Espiritos da Morte
    – Crítica : Os capítulos que você descreve são ótimos, tens uma imaginação fértil, porém têm partes que não foram descritas corretamente, falta-lhe acrescentação de detalhes; Fiquei intrigada o modo de comos os lugares não são totalmente descritos, e como há falta de seguintes reações das pessoas após algo determinante ser pronunciado. Também gostaria de citar o modo plausível de como Catherine Lohan discute internamente, ela esqueçe do mundo ao seu redor, dentre um determinado tempo, para prestar atenção a si. Isso é satisfatório. Creio que se lestes o que for postar e renunciar aos erros gramaticais, terás outra ação para se orgulhar. Tendo um consentimento de leitura e uma mente fértil para criação do mesmo. Bom, já tens mais uma fã ;)
    *ViCarl*

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    1. :/ sabe que às vezes eu releio e penso a mesma coisa? Não sei, não consigo mudar meu jeito de escrever...e é bom contar o fato de que é uma web-história e não um livro, se eu entrar em muitos detalhes vai ficar muito extenso...não sei explicar direito.

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