Uma garota de mais ou menos 16 anos explodiu sala adentro. A
primeira coisa que se via nela era o cabelo, repicado e vermelho berrante com
as mexas nas pontas, azul. Ela vestia uma camiseta com a foto da Demi Lovato,
com um sorriso do tamanho do mundo, abaixo estava escrito “My queen. Always
stay strong”. Não pude deixar de sorrir, a Demi sempre foi um exemplo de
superação, e olha só! Um anjo Lovatic! Ela vestia jeans normais e sapatilhas
pretas. E linda. Apesar do cabelo todo repicado. Era linda. Suas feições perfeitas,
não havia sinais de adolescência (espinhas, manchas, cravos...) e as sobrancelhas
ligeiramente levantadas dava uma impressão de desafio. A boca fina e os olhos
castanhos a deixavam simples. Se não fosse o cabelo.
– Alguém ai disse “aventura”?
– exclamou. Sua voz era um pouco grossa, mas ao mesmo tempo fina. Vai
entender...
– Opa, opa. Chegou! – Eduardo a cumprimento com um beijo em
sua mão...que clássico. – E cadê Daniel?
Ela deu de ombros e olhou para o corredor vazio a suas
costas, um sorriso zombeteiro no rosto.
– Ele tropeçou no próprio tênis e deixei o elevador fechar,
e provavelmente deve estar vindo pelas escadas.
Os dois soltaram uma grande gargalhada e pelo canto do olho
vi Sam sorrindo pra menina, um tanto tonto.
– Ahh! Essa aqui é Cathy – apresentou-me Eduardo para a
garota. – E Cathy, essa é a Kristen Smain.
Ela acenou com a cabeça e dei um tchauzinho idiota com a mão.
Ela se virou pra Eduardo ainda sorrindo, ela bem mais baixa que ele, até
parecia uma menina de 13 anos.
– É a filha de Miguel? Não se fala de outra coisa...acabei
de voltar do castelo dos Arcanjos e está tendo a maior rebelião lá – ela tossiu
e imitou uma voz grave e masculina: – Então eu mato Catherine Lohan. Duvido que
ela tenha algum tipo de imortalidade... – ela tossiu novamente e imitou uma voz
fina e feminina: – É claro que não! Eu a mato! – Kristen deu uma risadinha sarcástica
e se virou pra mim, uma careta de reprovação no rosto. – Se eu fosse você dava
o fora daqui. Está em território inimigo.
Sorri. Tentando, mas não conseguindo me manter calma.
– É, talvez eu deva mesmo...
– É – concordou Eduardo. Agora já não sorria mais, emanava
um tom sério na voz. – Vamos esperar o Daniel e já partimos.
Sam se levantou, ainda olhando pra Kristen. Uma pontada de ciúmes
me pegou desprevenida.
– Eu vou!
– Já disse que não! – ordenou Eduardo. Vi pelos cantos dos
olhos Kristen revirar os olhos, como se aquilo a entediasse. – Você volta pra
casa.
– Como? – perguntei.
– Alice, dê um jeito nele... – hesitou, e depois corrigiu. –
mande-o para casa.
Alice sorriu pra Sam e de repente ele não estava mais lá.
Imaginei se ele vomitaria muito quando chegasse em casa...coitado.
– Mandou-o mesmo para casa? Em Nova Jersey?
– É claro que sim, menina. Agora é melhor vocês irem, não
quero encrencas no meu escritório.
– Venha Cathy...vamos. Encontraremos Dan no caminho. – disse
Kristen Smain.
Despedi-me de Alice com um tchau desconcertante e os segui corredor
afora. Quando estávamos chegando ao elevador um menino de mais ou menos 20 anos
veio sem fôlego pelo outro lado, da escada. Ele até poderia se aparecer com
Sam, se não fosse o fato de seus cabelos serem castanhos e os olhos verdes, tão
verdes que qualquer um se perderia neles. Quando Kristen e Eduardo o viram começaram
umas gargalhadas descontroladas, e me vi sem graça em meio à intimidade
deles...não deveria estar ali, pensei.
– Não tem graça – a voz do garoto (homem?) era grossa e
firme. Olhava Kristen como se ela o tivesse jogado em uma poça de lama e saído correndo.
– Eai? Qual a história, Eduardo?
– Hm. Conto-te em Nova Jersey...antes... – Eduardo se virou
para mim, apresentando-me novamente. – Essa é a Cathy...Cathy Lohan.
Ele se virou e me cumprimentou com um “alô”, sorri.
– Se não é a menina mais procurada do céu!
Meu sorriso desapareceu na hora.
– É, pra você ver a injustiça. – Tentei sorrir, mas meu
humor havia viajado pra Oceania.
Kristen tossiu e indicou o elevador com a cabeça, entramos e
partimos.
– Faça uma mala rápido...
– Minha vó...
– Cathy, terão de confundir a cabeça dela.
– O quê? E meus amigos! Eu não posso simplesmente ir
embora...
– Está preocupada com escola?
– Meus amigos...
– Você terá que viajar...vai mudar de pais. Talvez volte.
– Eu terei que ir à escola...
– Sua vó resolverá tudo isso, está bem? Por enquanto, só
arrume as malas.
Eduardo havia vencido na discussão. E apesar de a ideia de não
precisar mais ir à escola fosse tentadora, não conseguia deixar de pensar nos
meus amigos...Sam...vó Lijia! Não
podiam confundir a cabeça dela! Eu não deixaria!
– Como vai confundir a cabeça dela, Eduardo? – sussurrei
enquanto jogava umas roupas na mala e ele terminava de contar a Kristen e Dan
sobre o “plano” e tudo o mais.
– Eu? Você vai.
– Eu? Não! Não! Não sei...não!
Dan se mexeu desconfortável na poltrona da minha
escrivaninha, ele mexia sem permissão nos meus livros.
– Você não pode continuar assim, Cathy. Com medo...
– Não to com medo. É só que...só...
– Só o que? – perguntou Eduardo.
Meus olhos encontraram os dele e de repente eu queria fazer aquilo, queria confundir a
cabeça de minha vó. Não iria deixar ninguém
pensando que eu era uma fracassada e medrosa. Muito menos ele.
Uma raiva explodiu dentro de mim. Era isso que eles queriam,
que eu fracassasse nessa missão. Que se foda eles, eu iria salvar meu pai. Ele
salvou minha vida uma vez e eu salvaria a dele
agora, mesmo que nós não nos conhecêssemos...eu pegaria o desgraçado do
filho de Lúcifer e o faria em picadinhos. É
isso ai.
– Então ta! – disse, me virei pra minha mala, ainda faltava
muito. Olhei para o guarda-roupa e fiz um gesto com a cabeça, escolhendo cada
roupa com um olhar, com outro gesto gesticulei para que elas fossem pra mala. As
roupas flutuaram até a mala e se dobraram sozinha, todas que eu queria. Até as
que não estavam em minha visão. Sorri. A mala fechou, trancou-se e veio pra
mim. Olhei pras minhas roupas do corpo: uma camiseta do meme “poker face” e um
jeans desbotado. Meu all-star vermelho estava em ótimo estado. Já havia tomado
banho antes de sair e ainda era 15:00 horas. Dei de ombros e carreguei a mala
para a porta, passando direto por Eduardo, Dan e Kristen.
Vó Lijia estava
tricotando na sala, ela tinha me visto chegando mas eu não dera explicações a
ela. Os outros tinham ido diretamente para o quarto. Deixei a mala no corredor
e fiquei em sua frente. Ela sorriu e continuou a tricotar. Senti-me uma idiota,
não sabia como fazer aquilo e não queria fazer aquilo. Mas ao mesmo tempo
queria.
– Vó? – chamei.
– Oi. – Disse, se virando pra mim.
Encarei aqueles olhos castanhos e respirei fundo,
concentrando-me.
– Vó. Vou viajar,
não sei quando volto. Quero que diga a diretoria da escola que sai do país. E
se alguém perguntar, diga que estou viajando e que talvez eu volte. Talvez. Fui
para o...México, está bem? Fui morar com minha tia que mora lá. Está bem?
Ela piscou e voltou a tricotar.
– É claro, Cathy. Boa viagem.
Oi?
– Vai disser isso a eles? Vai fazer isso, vó?!
– Claro que sim... volte quando quiser.
Então funcionou, pensei. Funcionou!
– Obrigada. Obrigada. – Dei-lhe um beijão no rosto e corri
para o quarto, com um sorriso de orelha a orelha.
– Consegui! Consegui! – falei a eles. Eduardo deu um sorriso
“Viu? Eu tinha razão” que me fez revirar os olhos.
Kristen deu um pulo da cama, feliz. Dan deixou cair um
livro...estava fuçando as minhas coisas! Voltei até o meio do corredor e peguei
a mala, depois voltei ao quarto e disse.
– Vamos....alias, pra onde vamos? – ri.
Foi Dan quem respondeu, ainda corado por tê-lo flagrado.
– A França...ouve uns boatos de que um dos Espíritos da
Morte vivia lá...o cara é francês!
– A França? Que máximo! Sabe onde encontrá-lo? Como vai ser?
Todos nós viramos para Eduardo.
– É, teremos de rastreá-los...bem, veremos quando chegar lá
não é? Afinal, já temos uma grande informação. Ele está na França!
Eduardo pegou minha mão e nos arrastou até Kristen, segurou
a mão dela e ela segurou a de Dan, não deu nem tempo de franzir o cenho e já estávamos
viajando na escuridão assustadora.
Aparecemos em um beco escuro, acho que ainda estávamos em
Nova Jersey, não deu tempo de mudar de continente.
– Opa, lugar errado – riu Eduardo.
Mergulhamos novamente na escuridão e agora estávamos em uma
grande garagem vazia...exceto por um ônibus amarelo berrante no centro. Íamos de
ônibus?
Kristen correu até o ônibus gritando algo como “eu fico na
cama da direita” e Dan logo atrás dela, eu ainda me recuperava da viagem.
Notei que Eduardo ainda não havia soltado minha mão, olhei
para nossas mãos entrelaçadas e ele fez o mesmo, ambos franzindo o cenho.
Larguei-a e a ocupei com a mala, a mão de Eduardo continuava no mesmo lugar.
– Venham logo pombinhos! – gritou Dan, já no ônibus.
Corri sorrindo (Não, não gostei da brincadeira! É sério,
pare de rir!) e entrei no ônibus, senti Eduardo correndo logo atrás.
Entrei e fui para o fundo, como em uma excussão de escola. Dentro
do ônibus havia camas, como um grande trailer. Quatro camas, duas de cada lado
e um armário pequeno em cima de cada uma. Ao fundo do ônibus tinha um grande
sofá e me joguei nele, colocando o pé em cima do banquinho-almofada que estava
na frente.
Eduardo entrou logo depois e jogou uma mala na segunda cama
da esquerda. Kristen jogou outra na cama da direita, e Dan na segunda cama da
direita. Só sobrou a primeira cama da esquerda. Epa, volta tudo.
– Dá onde tiraram essa mala? – disse, me levantando e
seguindo até a cama que sobrou pra colocar a minha mala.
Todos sorriram como se compartilhassem uma piada particular
que eu não devia saber. Mas não deu tempo deles responderem, pois de repente
Dan ficou muito sério. Toda a atenção foi para ele.
– Oh! Oh, não!
– O que foi, Dan? – exclamou Kristen. Então ela também ficou
ereta, os olhos arregalados.
– O que é? – gritei.
Dan se virou para mim, respondendo, mas como se não estivesse
ali.
– Estão vigiadas todas as estradas...todos os meios de
viagem...não poderemos viajar nas sombras, Eduardo...vai ter que ser a
transporte humano. – Ele voltou a si, e olhou em volta, como se esperasse que
algo fora do normal acontecesse. – Vamos ter que tomar muito cuidado. Kristen,
cuide da proteção do ônibus. Eu dirijo.
Kristen se morreu com rapidez, saiu do ônibus e começou a andar
em volta dele, de olhos fechados e murmurando palavras desconhecidas. Em alguns
segundos estávamos cercados de uma névoa densa demais para enxergarmos do lado
de fora, a garagem havia desaparecido.
– Ela é boa nisso! – disse Eduardo.
– Hm – fez Dan. – Você não ouviu, Eduardo?
– O quê?
– Bem...Zacarias mandou uma mensagem...
Mas não deu tempo dele terminar a frase, Kristen entrou no ônibus
e o fechou, olhou para o teto e pronunciou alto e claro:
“À luz e as trevas;
Anjos e Demônios;
Eis de sermos a névoa.
Invisíveis aos olhos de quem nos
perseguem.
Protegidos por Deus e pela fé.
Nada nos verá.
Nada aparecerá.”
O vento tremeluziu e Kristen desmaiou em frente a minha
cama, Eduardo a pegou antes que ela pudesse se machucar e a deitou na cama da
frente, na cama dela.
– Ela vai ficar bem? – perguntei, preocupada.
– Vai...isso é normal. Acordará daqui a algumas horas bem
melhor – respondeu Dan, ele ajudou Eduardo a colocá-la na cama e jogaram um
coberto encima dela. – Vai ficar bem. É melhor eu ir dirigir...ninguém pode nos
achar.
Dan seguiu para o banco de motorista na frente e deu a
partida, não sei como saímos da garagem, não se podia enxergar nada lá fora.
Mas quando ele começou a dirigir, senti meu estomago dizendo “Não!”.
– Venha. Kris vai ficar bem.
Eduardo se sentou na minha cama e sentei ao seu lado, minha
cabeça girava e eu estava cansada. Deitei. Os pés ainda no chão.
Estava quase dormindo, o cansaço era mais do que imaginava.
Ouvi Eduardo se levantar e tirar meu tênis, colocar meus pés em cima da cama e
jogar um cobertor por cima de mim. Ele se sentou no chão, apoiando a cabeça na
cama, ao meu lado.
– Estamos voando? – sussurrei, sonolenta.
Ele riu baixinho e afagou meus cabelos, tão devagar que
parecia temer que eu me espatifasse como vidro na sua frente.
– Sim, e durma. Ainda é 4 e meia da tarde mas a viagem é
longa. Durma, vou cuidar de você.
Senti seu polegar acariciando meu queixo e perdi a consciência.
Cathy Lohan e os Espíritos da Morte
Por: Carol C.
Carol, você esta se superando!!!
ResponderExcluirAmei amei e amei!
A Kris e o Dan são demais!
E to adorando Eduardo e Cathy *----*
E medinho dessa mensagem!
Bjs All Sun
MEU SENHOR , AMANDO ... preciso ler urgentemente o proximo capitulo Eduardo e Cathy <3 s2
ResponderExcluirAmeiiiiiiiiii, ficou D+
ResponderExcluirmuito muito bom
sou mais uma pro fan clube: "Cathy e Eduardo "
ansiosíssima pelo próximo capitulo
carol desculpa mais tem mais alguns erros de ortografia por aqui
ResponderExcluirHm, plural e tudo o mais?
ExcluirNão querendo ser ignorante e tudo o mais, mas se me fez perder 8263273 minutos da minha vida relendo o cap., por causa de plural? Quando for assim, é, ignora. Ok? Mas se for como troca dos nomes dos personagens ou um erro grave mesmo é só avisar...eu não me importo. Mas ficaria feliz de saber onde está o erro.
Avisa, ok?
Thanks de novo <3